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Gestão de Risco e Governança Financeira

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Na segunda semana de março de 2023 o mercado financeiro foi surpreendido com a intervenção no Silicon Valley Bank (SVB). A notícia causou grande agitação entre os clientes, principalmente por ser a “casa” dos investimentos de risco. Muitas startups o usavam para receber e aplicar recursos estrangeiros, como aportes financeiros de fundos de outros países.

Mas, o que aconteceu com SVB?

Os depósitos no SVB aumentaram durante a pandemia, quando os investidores procuravam retornos mais altos que os títulos do Tesouro americano de curto prazo. E o SVB manteve os recursos captados de clientes em aplicações em títulos de longo prazo, por terem taxas de juros maiores.
Embora houvessem motivos para as taxas de longo prazo estarem mais altas que as de curto prazo, as taxas curtas poderiam subir, impactando o SVB.

A inflação nos EUA vem aumentando nos últimos anos, encerrando o ano de 2022 em 6,5%, um índice bastante alto para os padrões locais. E para controlar essa inflação, o Federal Reserve (FED), órgão equivalente ao banco central brasileiro, subiu as taxas de juros, mantendo-as em níveis altos. Visando desacelerar a economia e diminuir a inflação.

No entanto, a alta de juros reflete imediatamente na correção dos títulos públicos que o SVB tinha investido, fazendo com que os títulos perdessem valor.

Mas, por que os títulos do SVB perderam valor mesmo mantendo sua rentabilidade?

Porque em comparação às taxas de juros praticadas no momento, os “preços” dos títulos do SVB despencaram, uma vez que a rentabilidade deles está bem menor que as dos títulos comercializados atualmente.

Isso gerou outro problema para o SVB. Clientes procuraram o banco para renegociar seus investimentos, que não estavam rendendo bem, para taxas de juros mais elevadas. O SVB sujeitou-se a precificação de mercado por ter alocado recursos em títulos de longo prazo, o que exigiu venda abaixo do valor de mercado.

Diante disso, na quarta-feira (08/03/2023), o SVB comunicou que precisaria levantar US $2,25 bilhões para continuar a operação. A notícia provocou forte movimentação entre os clientes, gerando uma corrida ao banco para sacar cerca de US$ 42 bilhões em um dia. Isso fez com que houvesse uma intervenção do governo americano, para honrar com os depósitos feitos no SVB.

Pontos que podemos observar

Primeiro, os títulos do tesouro americano são considerados ativos livres de risco de crédito (o governo americano não vai dar “calote”), o que diminuía o risco do banco como detentor de recursos de clientes sob sua gestão. Porém, por serem de longo prazo, para se tornarem líquidos, sujeitam-se a marcação a mercado, portanto se implica risco de mercado. No caso do SVB, o risco estava relacionado com a variação repentina na taxa de juros-base do mercado e o descasamento das taxas de juros de curto prazo e longo prazo.

Segundo, a ausência do risco de crédito afrouxou a fiscalização/supervisão do FED sobre a estratégia ALM (Assets and Liability Management – Gerenciamento de ativos e passivos) do banco. O banco incluiu o risco de concentração, visto que aplicou grande parte do ativo em títulos de longo prazo do tesouro, e considerou o provável descasamento de prazo entre Ativos e Passivos.

E terceiro, com a fiscalização frouxa. O SVB pouco se preocupava em realizar simulações de stress (testes baseados em cenários adversos) nas suas carteiras. Um exemplo de para o risco de mercado, dimensionando o impacto da mudança na taxa de juros (que realmente aconteceu) frente a um cenário de inflação na Europa e nos EUA, guerra da Rússia, acirramento da competição comercial com a China etc.

Lições que podemos tirar disso

O caso do SVB nos mostra a importância de um bom planejamento financeiro, com estratégias bem definidas em face dos objetivos a serem alcançados. Isso vale não só para bancos, mas para qualquer empresa e, também para a vida pessoal e familiar.

O primeiro ponto importante é sobre a concentração de capital. Um dos principais motivos para o SVB chegar nessa situação foi a baixa diversificação na alocação dos recursos de clientes sob sua gestão.

Por isso é muito importante nunca colocar todos os “ovos em uma única cesta”. Em caso de alguma coisa adversa aconteça, não será todo o patrimônio que vai estar comprometido (sob o mesmo risco).

Outro ponto, que também está ligado ao risco de concentração, é a liquidez do patrimônio frente às necessidades de gastos cotidianos, reservas emergenciais, previdência/aposentadoria, objetivos e sonhos (carro, casa, imóveis, viagens etc.).

É imprescindível planejar e traçar estratégias com o objetivo de equilibrar o patrimônio, ou a formação dele.

É altamente recomendável que uma parte dos recursos esteja reservada em ativos com boa liquidez. Assim, facilita o acesso ao capital em caso de situações atípicas e emergenciais.

Por fim, as mudanças nas tendências do mercado, que às vezes ocorrem de forma repentina e abrupta, devem ser motivo de preocupação e consideradas no planejamento e formulação das estratégias. Conhecer e analisar impactos de possíveis alterações nos preços/parâmetros de mercado: taxas de juros de curto e longo prazo, taxas de câmbio, inflação, preços de alimentos, vestuário e serviços etc.

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